“És muito dura contigo
mesma” disseram-me não há muito tempo. Na altura a resposta que dei foi “Oh, as
coisas têm de sair perfeitas”. “Sabes qual é o teu problema? És muito
perfeccionista” disse-me a minha professora de Educação Visual quando andava no 8º ano, se não me engano. Acho que tomei essas palavras como um elogio, no
momento significava, na minha opinião, que gosto de ter as coisas bem-feitas e
para que tal ocorra, tempo é imprescindível, que foi o que eu pedi à professora
para poder terminar os trabalhos. Normalmente só nos dava uma aula para fazer
certo desenho, certo trabalho manual… Para ela talvez, mas para mim e muita
gente que se queixava da tal falta de tempo, uma aula não me chegava para fazer
o que ela tinha pedido, pelo menos algo que estivesse minimamente bem. Adoro
desenhar e sou fiel há minha arte, por isso, comecei a levar os trabalhos às
escondidas para casa para conseguir os resultados que eu queria!
Talvez esta característica da
minha personalidade não seja muito favorável, demoro imenso tempo a fazer as
coisas porque vejo, revejo, volto a rever, altero isto, altero aquilo, apago,
volto a por como estava até conseguir um resultado que me convença.
Provavelmente é por isso, que na apresentação de trabalhos, ou outras coisas
semelhantes, fico muito nervosa, pois tenho medo que não corresponda às minhas
expectativas e às que eu penso que os avaliadores/examinadores e restantes
ouvintes têm. Tento ter calma,
mentalizar-me de que tudo irá correr bem, de que não tenho de ter medo e que
estou cá para aprender, ao fim ao cabo, aprendemos com os nossos erros, eu não
sou excepção, tenho de errar, já errei e voltarei a errar e também sei que
quando isso acontecer, vou passar imenso tempo a reflectir e a martirizar-me por
esse mesmo erro. Eu sou assim e é isto, o que muitas vezes me dificulta dormir
à noite. Por vezes é algo que pelo resto das pessoas não é considerado um falho, mas
para mim é, basta dizer algo que minutos depois não me parece que seria o mais
correcto a dizer.